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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cultura Potiguar: O teatro de bonecos

Apesar da falta de incentivo à cultura potiguar, teatro de mamulengo ainda sobrevive

É em um palco ligeiramente elevado que a mágica acontece. A cortina se abre e aparecem personagens engraçados feitos da simplicidade de materiais como madeira, papel machê e barro. Ao mesmo tempo em que contam histórias que tratam de assuntos sérios como a desigualdade social, o teatro de mamulengo arranca risos em qualquer praça, escola ou parque que se apresentem. São personagens irreverentes, que ganharam até lugar na obra de Ariano Suassuna, por exemplo. Caso dos personagens Cabo Setenta e Rosinha (ambos presentes no filme o Auto da Compadecida).

História
O teatro de mamulengo chegou ao Brasil na Idade Média, quando a Igreja, querendo difundir o espírito religioso, se utilizava dos fantoches para atrair os fiéis de forma simples e objetiva. Alguns historiadores dizem que o termo mamulengo deriva de "mão molenga" - a maneira como o manipulador segura o boneco. O termo é oriundo do Nordeste brasileiro e segundo alguns estudiosos teria sido criado por frei Gaspar de Santo Antônio, em Pernambuco, no século XVI. No teatro de mamulengos não se diz representar ou apresentar um espetáculo e sim "brincar de boneco”. No RN são conhecidos por “joão-redondo”.

Mestre
Francisco Ângelo da Costa, nasceu em Assu, RN. Filho de Daniel Ângelo da Costa, mais tarde seria chamado por Chico Daniel, o maior mestre de mamulengo do RN. Com mais de 50 personagens, Chico trabalhava como sapateiro para sustentar a família. Faleceu em 3 de março de 2007, quando se arrumava para mais uma apresentação. Em 2002, as jornalistas Ângela Almeida e Marize de Castro lançaram o livro Chico Daniel – A Arte de Brincar com Bonecos.
Os artistas que dão vida aos bonecos são pessoas simples. Dificilmente são reconhecidos pelo público pela sua genialidade em dar vida aos fantoches. É a arte que tenta abrir caminho e não consegue.
Porém, esse ano, a Produtora Independente Fotogramas tenta mudar essa realidade lançando o filme “A Gente se Ri”, um documentário de 17 minutos que aborda a brincadeira de joão-redondo. Mostra depoimentos dos mamulengueiros de diversas localidades do RN, abrindo um caminho direto do público com a arte potiguar.
O documentário faz parte do projeto Vernáculo, lançado pela Fotogramas, que consiste numa série de seis vídeos documentários sobre a cultura popular do Rio Grande do Norte.
“A Gente Se Ri”, de direção da radialista Rita Machado, venceu a 9ª edição do Festival do Vídeo Potiguar e a V Mostra do Curta Nordestino, nesse último é a primeira vez que um curta potiguar ganha o prêmio.

A imagem faz parte do Acervo de imagem que compõe o livro “Cassimiro Coco de cada dia”, sobre o teatro de bonecos (Foto: Ângela Escudeiro)

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